1/31/2010

Taxi! - Peça em 3 actos

Acto I


Taxi!
Entra no taxi, segue-se uma espantosa e longa descrição por parte do taxista de meia idade, das virtudes de um mecânico em particular, capaz de fumar e mudar um bendix ao mesmo tempo, qual mago de chave de bocas na mão. O entusiasmo e paixão usada na descrição roçava o homo-erótico. Segue-se uma explicação de como é usada uma caixa de velocidades de um Mercedes SE, que seguia com o interesse possível. Até agora: "eeeeh o senhor conduz?" Não. Nem tenho carta. Nem carro.
Cai o pano.

Acto II

Começa com animado diálogo entre o taxista e o retrovisor. Agora explica como os taxis são usados em regime de cama quente. "desculpe o senhor não disse o seu nome... Senhor...?" "B'uno." "senhor Cruz? Pois olhe senhor Cruz, digo-lhe: esta vida é complicada." A viagem segue, quando se percebe que o dinheiro que se leva na carteira não chega.
Cai o pano.

Acto III

Parado no destino, o taxi espera solução para o dinheiro em falta. fazer um levantamento é possível, mas só longe da vista do taxista. "Senhor Cruz, tem de me deixar aí a sua carteira.." Nesta altura, penso : se tivesses pedido o meu B.I., ias ter o prazer de conhecer o Senhor Prezado...
Carteira entregue, taxista testa: "Senhor Cruz, tem o seu cartão multibanco?".
Por acaso não, está na carteira.
Taxista rejubiliante: "A sua simplicidade, senhor Cruz... Assim se vê como é uma pessoa honesta, veja lá!"

Levantamento feito, regressa acolhido como freak : " Senhor Cruz, estava aqui a contar aos meus colegas da sua simplicidade." diz o taxista, rindo.
Cai o pano, fim da peça.

1/22/2010

Reinvindicações da Classe

"Olhe menina, nós somos uma classe muito mal tratada! Ninguém olha por nós!
A única coisa boa que fizeram nos últimos tempos foi inventarem a "Rádio Amália". Assim que a modos, um sujeito sempre se distrai com um faducho!"

1/21/2010

Lá está...

Taxista de ontem à noite:

-"É para onde?"
-"Para o cemitério de Benfica, por favor." - A partir daqui, fico à espera.
-"Eh, mas a esta hora tá fechado. É para dentro do cemitério?" - sorriso maroto na cara, a olhar para trás.
-"eh-eh não, é cá fora.."

Para os taxistas que lêem este blog: Ouçam coisas novas. Re-inventem-se, como a outra.
O Tony de Matos já morreu há 20 anos, UHF tem um careca gadelhudo a "cantar" sempre o mesmo, O Bruno Nogueira tem mais piada que os Parodiantes. As Nossas-Senhoras com o semáforo-miniatura no tablier não vos vão salvar. Pouco cabelo muito comprido, a dar a volta à cabeça e a acabar na testa não é uma "farta cabeleira". Sim, comprem TomToms, mas usem - eu sei que assim é dificil ir da Portela ao Rossio passando por Sintra. Não partam do princípio que toda a gente é do Benfica. O Berardo não é um heroi nacional. E, por favor, não peçam para o Salazar voltar, já temos um governo à altura.

Deitem fora o livrinho das piadas que vinha com o taxi, vá lá.

1/19/2010

Gorjeta escandinava

Apanhei o taxi para uma volta invulgarmente grande. Quase de uma ponta à outra da cidade, já sabia que ia pagar bem, enchi-me de nota.
Na altura de pagar, saco da carteira gorda. O taxista lembrou-se que eu devia ser rico, e não apenas um gajo pronto a pagar o que devia. Não perdeu tempo:
"não quer deixar isto de gorjeta, ó chefe?"
5 euros? nem no Eleven. Depois, o senhor fez o pior:
"Vá lá ó chefe..."- Insistir. Assim não.

Passei a fazer como quando se regateia com um cigano: uma nota de 5 num bolso, uma de 20 no outro.

1/13/2010

Pescarias com o Zé

O chófer de hoje ia fodido com a chuva. Pelo caminho, depois de amaldiçoar o tempo e esclarecer-me que agora o tempo era como o que encontrou em Moçambique, foi falando com o Zé, que - explicou-me ele - é um preto bacano, que é mecânico. Mete juntas da cabeça ( esta peça é mítica ) e tal, de preferência de marca. As da candonga, fiquei a saber, são 3 euros mais baratas e não valem a diferença. Disse-me que o Zé não estava a conseguir falar como deve ser porque estava ainda a ressacar: foi pescar às tantas da manhã, e o tempo de espera é feito a mamar super-bocks.

Quem é que consegue sair de casa para ir pescar às tantas da matina com este tempo? um taxista.

It's raining cats and dogs, versão taxista.

"Só não chove é vinho e cerveja! foda-se, caralho para a chuva."

1/11/2010

A caminho do cemitério

Entro no taxi, - boa noite - digo para onde quero ir e começo a rezar aos santinhos para que o taxista seja um pulha mal-humorado, um eremita de automóvel, anti-social que chegue para me poupar do sketch habitual:
Assim que digo "cemitério de Benfica", há uma pausa. Ambiente tenso, taxista entra numa busca espiritual, passam uns segundos largos. Ouço-os a pensar : " epa... p'ró cemitério, pois, mas não é bem. Mando a piada?.. ah, o gajo tem cara de que se vai rir. Cá vai..." De sorriso gingão, disparam:

- É para o cemitério, mas para o lado de fora, não é amigo?
- eh-eh-eh... é sim.

Bolas. E nem um buraco para me esconder... Pronto, já passou.
Pior é quando insistem e perguntam do campeonato ou pelo jogo de ontem:

- Então, o benfica? aquilo ontem é que foi uma tourada, o Nuno Gomes...
- Eh, eu não ligo muito a futebol.
-....

Os taxistas às vezes desesperam comigo. Caladinhos que nem ratos.

Os meus ais

Taxista ucraniano munido de GPS onde regista as localidades para não haver possibilidade de engano.

- Olhe se faz favor, queria ir para Cascais ( e mergulho a cabeça no I-phone, actualizando contactos, compromissos, etc de forma a optimizar a corrida nunca inferior a 20 minutos)

(Passados 5 minutos)

- Chegámos, sinhora.

- Mas isto não é Cascais. Isto são os Olivais.

- Disculpe, sinhora. Disculpe. Enganei-me só no prinzípio da palavra.

- ...

1/10/2010

Primeiro Post

Um blog que reune os relatos das viagens de taxi por Lisboa. Tão simples quanto isto.

1/08/2010

Microgaitas

1, 2, 3. Experiência. Som. Soooooom.

1/07/2010