10/12/2010

Comissão

Apanho o taxi no Bairro Alto.

- Vem este gajo , a falar francês.... Não percebo nada de francês. Com inglês safo-me, mas francês... Caralho.
- Eu também não pesco nada de francês. Tenho 10 segundos de francês e acabou.
O taxista conta-me que o francês queria ir para uma casa de meninas. É apanágio dos taxistas saberem sempre onde se dirigir. Recebem dinheiro para isso. Ou recebiam.
O Jorge explica-me, pelo caminho até casa, que os porteiros das pensões e hoteis, os porteiros das discotecas, os porteiros das casas de putas, agora já não querem dar uma comissãozita aos taxistas, os maiores angariadores de clientela. Filhos da puta, repete o Jorge.
Conta-me que alguns donos de boites querem as facturas dos taxis para poder dar uma comissão. Não tem lógica nenhuma, o propósito inicial da comissão é perpetuar uma tradição de economia paralela, pois claro. Indignado, Jorge repete-se nos impropérios, uma e outra vez, contra essa corja que não o deixa ganhar uns cobres e oferece-lhes verbal e constantemente, prazer anal de uma forma pouco polida.
Confesso que o Jorge, além de parecer um vampiro, estava mais bêbado do que devia.

1 comment:

  1. Todas as aventuras taxistas que leio aqui fazem-me esperar pela seguinte :)
    Às vezes quase que fico com vontade de andar de táxi. Quase...

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